Do candeeiro que projeta saudade | Dai Varela

20 de setembro de 2024

Do candeeiro que projeta saudade




E assim, fui expulso do que lhe leva à tona aquilo que revela o outro que há em mim. Do espelho da água, o sal se confunde: se mar, se lágrimas.

Reconheço, a luta sempre foi um forçar da barreira que o umbigo criou ao redor do teu olhar. Olhar que ao se distrair, me pego a furtar o veneno que aos teus lábios adornam.

Contra a boca, tentei em vão repartir a derradeira gota que restou da partida forçada. Tolo, detive as horas para distender a madrugada que me ampara a incerteza do reencontro.

Buscando um mundo diferente, de novo evitas o olhar que te busca no decalcar do passado anunciado. Nada detêm teus passos de querer distância.

Era dessa morte que os poetas falavam? Agora que a escuridão se abateu sobre o meu peito, só me resta me contemplar por dentro.

Lá ao fundo da gruta de mim carrego o candeeiro que projeta nexo entre duas friezas. E mais uma vez fraquejo os joelhos pelo peso de carregar o luar na memória do teu olhar.

Movo nova lágrima em pulsações de quem perdeu a luta contra saudade e por fim aceito o adeus.

Enviar um comentário

Whatsapp Button works on Mobile Device only

Start typing and press Enter to search